Há vinte anos, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento (Rio 92) e o ciclo social de conferências das
Nações Unidas que a ela se seguiu discutiram os problemas globais que
afetam a humanidade e pactuaram uma série de propostas para
enfrentá-los (as Convenções sobre Mudanças Climáticas, Biodiversidade,
Desertificação, a Agenda 21, Carta da Terra, Declaração sobre
Florestas, Declaração de Durban, entre outras). Mas aquilo que deveria
ter sido o início da reversão das situações de miséria, injustiça
social e degradação ambiental frustrou boa parte das esperanças
depositadas nesse processo.
Sete bilhões de seres humanos vivem hoje as seqüelas da maior crise
capitalista desde a de 1929. Vivem o aumento gigantesco da desigualdade
social e da pobreza extrema, com a fome afligindo diretamente um bilhão
de pessoas. Presenciam guerras e situações de violência endêmica e o
crescimento do racismo e da xenofobia.
O sistema de produção e consumo capitalista, representado pelas
grandes corporações, mercados financeiros e os governos que asseguram a
sua manutenção, produz e aprofunda o aquecimento global e as mudanças
climáticas, a perda de biodiversidade, a escassez de água potável, o
aumento da desertificação dos solos e da acidificação dos mares, em
suma, a mercantilização de todas as dimensões da vida.
Enquanto estamos vivenciando uma crise civilizatória inédita,
governos, instituições internacionais, corporações e amplos setores das
sociedades nacionais, presos ao imediato e cegos ao futuro, agarram-se
a um modelo de economia, governança e valores ultrapassado e
paralisante. A economia capitalista, guiada pelo mercado financeiro
global, continua apoiada na busca sem limites do lucro, na
superexploração do trabalho – em especial o trabalho das mulheres e dos
setores mais vulneráveis –, na queima dos combustíveis fósseis, na
predação dos ecossistemas, no desenvolvimento igualado ao crescimento,
na produção pela produção – baseada na descartabilidade e no
desperdício e sem consideração pela qualidade da existência vivida.
Diante de tal conjuntura, o momento político propiciado pela Rio+20
constitui uma oportunidade única para “reinventar o mundo”, apontando
saídas para o perigoso caminho que estamos trilhando. Mas, julgando
pela ação dos atores hegemônicos do sistema internacional e pela
mediocridade dos acordos internacionais negociados nos últimos anos,
suas falsas soluções e a negligência de princípios já acordados na
Rio92, entendemos que se não devemos deixar de buscar influenciar sua
atuação, tampouco devemos ter ilusões que isso possa relançar um ciclo
virtuoso de negociações e compromissos significantes para enfrentar os
graves problemas com que se defronta a humanidade e a vida no planeta.
Confira o restante da matéria:
http://cupuladospovos.org.br/cupula-dos-povos/
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